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Se fosse verdade que todos os funcionários sairiam ganhando, seria a primeira vez na história que uma empresa que quer reduzir custos com o pessoal buscaria promover tal redução aumentando a remuneração de seus funcionários”, ironizou o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga. “
Basta analisar as medidas da atual gestão para vermos que essa não é a verdade. O que a medida quer promover, na verdade, é a redução dos salários dos funcionários. Pelas falas do presidente do Banco do Brasil, a impressão que se tem é que os únicos que terão aumentos serão os altos executivos do banco, que são cargos de confiança nomeados pelo governo e foram indicados pelo mercado financeiro”, afirmou o representante dos bancários do Banco do Brasil.
Desde a semana passada, a
mídia vem anunciando que o Banco do Brasil tinha a intenção de aumentar a remuneração de executivos de Brasília, que já têm altos salários, ocupam cargos de confiança, foram indicados pelo marcado e nomeados pelo governo, para impedir a debandada de profissionais. “
Mas, qual debandada? Os que saíram foram exatamente os altos executivos, como vice-presidentes e diretores. Então a ideia é valorizar estes poucos em detrimento a todo o resto dos funcionários? Eles querem valorizar os funcionários diminuindo seus salários?”, observou Fukunaga.
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Mais uma vez, o banco anunciou as mudanças ao mercado e em comunicado direto aos funcionários, desconsiderando o acordo de que as mudanças devem ser debatidas primeiro com a representação dos trabalhadores. Esta prática do banco gera apreensão entre os funcionários, que recebem os comunicados e ficam sem o respaldo da representação dos trabalhadores para explicar as mudanças. Ao invés de ajudar, o banco prejudica a gestão de pessoal”, disse a secretária de Juventude e representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) na mesa de negociações com o BB, Fernanda Lopes.
Para Fukunaga, as medidas criam um plano de cargos e salários paralelo, que reduz salários de funcionários de carreira, para se criar novos cargos executivos como os especialistas. “
Será que precisamos mais dos poucos que ganham muito? Preferem cortar salários dos que trabalham muito e ganham pouco? O banco diz que quer olhar o mercado, mas parece ver apenas os altos executivos dos bancos privados, que ganham milhões?
No texto de anúncio, o diretor de Gestão da Cultura e de Pessoas do BB, Avelar Matias, diz que o “
Programa Performa: Desempenho e Reconhecimento é resultado de um longo estudo e que utilizou pesquisas de mercado no segmento bancário para rever os atuais modelos de remuneração, premiação e avaliação utilizados no BB, considerando para isso a necessidade de incentivar o melhor desempenho e a busca de resultados”.
“Isso é uma falácia. Querem transformar o que é público em privado. Mas, em nenhum momento dizem que o desempenho do Banco do Brasil é melhor do que os dos bancos privados”, criticou o representante dos trabalhadores.
Programa de Desempenho Gratificado
Todos os funcionários do Banco do Brasil podem ser atingidos pelas medidas do Programa de Desempenho Gratificado (PDG) já a partir do segundo semestre de 2020.
O banco diz que o valor de investimento no PDG vai aumentar 120% e que o percentual de premiados em cada grupamento passa dos atuais 30% da rede de negócios para 40% do total de funcionários. “O que não põem às claras é que o Valor de Referência (VR) da gratificação de todas as funções será reduzido. Todos funcionários com gratificação de função terão suas remunerações reduzidas e precisarão futuramente disputar cargos com gratificações menores. Os que não conseguirem função ficarão sem nada e os que conseguirem terão redução das remunerações. Todos que quiserem ganhar um pouco mais terão que se sobrecarregar ainda mais, ganhando pouco”, explicou Fukunaga, lembrando que a folha de pagamentos do banco é de R$ 12 bilhões e o PDG de apenas R$ 200 milhões.
O regulamento do PDG será definido ao longo deste primeiro semestre. Para os novos participantes, serão considerados pré-requisitos, indicadores, metodologias de aferição de desempenho, de grupamento, de classificação e de premiação. “O movimento sindical denunciou as regras nada claras para esta remuneração variável, mas o banco se recusa a negociar esse programa”, disse o coordenador da CEBB.
“Se for preciso, estamos preparados para a luta. Não vamos abrir mão direitos adquiridos, como a gratificação de função e de outras conquistas que venham a ser ameaçadas. Vamos manter nossa unidade e resistir na defender os trabalhadores”, afirmou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que também é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
Redução de salários
A redução de salários pode ser confirmada no comunicado feito pelo banco, no trecho que afirma que foram revisadas as remunerações fixas de todas as funções de confiança e gratificadas, ajustando os valores que foram identificados como acima da média do mercado – a maior parte dos casos – e aumentou os que se mostraram defasados, como é o caso dos gerentes de relacionamento PAA, Private Sofisticado e Upper middle / Hunter Upper Middle.
A medida faz parte de uma reforma administrativa realizada pelo governo federal em retaliação aos trabalhadores concursados de várias estatais.
Gestão de Desempenho de Pessoas
Além dos parâmetros e métricas já definidas na Gestão de Desempenho de Pessoas, o banco implementará outras ações para a gestão do desempenho dos funcionários pelos gestores e ainda traz como suposta inovação as análises e tratamentos posteriores aos conceitos atribuídos. Segundo o banco o objetivo é minimizar a adoção de critérios distintos entre os diferentes avaliadores.
A maioria das medidas passa a valer já neste primeiro semestre, como a mudança no Plano de Desenvolvimento de Competências (PDC), que agora é direcionado somente aos funcionários que apresentaram necessidade de aprimoramento no semestre anterior. A partir de março, o PDC ficará disponível na UniBB (Mapa de Carreira), sem necessidade de ciência do gestor.
A GDP passará a sinalizar os subordinados que apresentaram lacuna de desempenho aos gestores de equipe, considerando os conceitos recebidos de seus avaliadores. Esse grupo deverá ter registro de Acordo de Desenvolvimento específico e anotação relativa ao resultado do acompanhamento realizado. “
Sempre cobramos uma mesa do banco a respeito disso. na campanha anterior, o banco queria tirar do acordo coletivo de trabalho (ACT) as três formas de avaliação da GDP”, lembrou Fukunaga.
Fonte: Contraf-CUT